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Interfaces com a Educação Básica

Publicado: Sábado, 13 de Junho de 2020, 11h02 | Última atualização em Sábado, 13 de Junho de 2020, 11h02 | Acessos: 2164

 

O Programa estabelece interfaces com a educação básica, na região sul e sudeste do Pará, através de três (3) principais movimentos, articulados entre si: a) ações de grupos de pesquisa-ensino-extensão; b) relação de docentes do programa com a graduação; c) relação de discentes do programa com a educação básica. Esses três movimentos possibilitam analisar como tal interface se configura, destacando-se a relação com segmentos sociais específicos (professores camponeses, indígenas, urbanos) e a produção científica e técnica correspondente, que fazem ampliar a compreensão e possibilitam uma intervenção qualificada frente às dinâmicas sócio educacionais, na região em que o PDTSA se insere.
a) Ações de grupos de pesquisa-ensino-extensão:
Os Grupos de Estudos e Pesquisas liderados por pesquisadores do PDTSA contribuem para a educação básica, especialmente nas redes públicas municipais e estaduais, a partir de ações de pesquisa-ação, pesquisa-intervenção, pesquisa-formação, assim como de suas atividades de extensão e produção científica e técnica. Destacam-se as ações dos seguintes grupos:
_ O Grupo de Estudos e Pesquisas Culturas, Identidades e Dinâmicas Sociais na Amazônia Oriental envolve professores das redes públicas da região Sul e Sudeste do Pará, Sul do Maranhão e Norte do Tocantins em reuniões sistemáticas sobre o ensino de história e a pesquisa na região. Este grupo tem congregado professores universitários (é composto multidisciplinarmente, por professores-pesquisadores das áreas de história, sociologia, antropologia, letras e pedagogia) e da educação básica dos estados do Pará, Tocantins e Maranhão, sob a coordenação da Profa. Dra. Idelma Santiago da Silva (PDTSA/Unifesspa) e Prof. Dr. Airton Pereira do Reis (Unifesspa/UEPA). Foi publicado em 2017, o livro “Culturas e dinâmicas sociais na Amazônia oriental brasileira” (Editora Paka-Tatu), no qual tanto os professores da universidade quanto da educação básica atuam como pesquisadores e refletem sobre as relações entre as culturas regionais e as dinâmicas sociais na produção identitária da região.
_ O Grupo de Estudos Dinâmicas Socioeducacionais, Políticas Públicas e Diversidade (GEDPPD), liderado pela Profa. Dra. Hildete Pereira dos Anjos, envolveu docentes da educação básica, graduandos(as) e mestrandos(as) no período 2014-2016 no projeto “Dinâmicas Socioeducacionais no Sudeste do Pará: políticas públicas e deficiência”, base do estágio de pós-doutoramento (PNPD-CAPES) realizado pela coordenadora no Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA. Essa atividade gerou as produções “Discurso docente na escolarização inclusiva”, apresentada no VI Colóquio e I Instituto da Associação Latino-americana de Estudos do Discurso (ALED Brasil), 2016, São Carlos-SP; e “Políticas educacionais relativas à deficiência: repercussões locais”, apresentada na Primeira ANPED Norte, 2016, Belém – PA e “Discurso autoritário e discurso polêmico na educação inclusiva”, apresentado no IX Encuentro Internacional de Investigadores de Educación Especial y Diferencial “Diferencia, con-vivir, incluir” da Red Internacional de Investigadores y Participantes sobre Integración/Inclusión Educativa (RIIE). O GEDPPD realizou, em 2016 (em conjunto com o Núcleo de Educação Especial do Curso de Licenciatura em Pedagogia), a VII Jornada de Educação Especial e Inclusão, evento que tem ocorrido a cada dois anos e apresenta a produção do GEDPPD, além de promover discussões sobre temas candentes dentro das relações entre deficiência, educação e dinâmicas regionais. Nessa sétima edição, ocorrida de 28 a 30 de novembro de 2016, Jornada discutiu "A arte e o corpo (im)perfeito", trazendo os Profs. Dra. Virgínia Kastrup (UFRJ) e Dr. Roberto Rabêllo (UFBA) para debater com professores da rede pública, graduandos e pós-graduandos o debate do corpo e suas idealizações, considerando a presença efetiva das pessoas em situação de deficiência nas escolas e universidades (que exige a criação de espaços comunicativos, a superação de barreiras, a consciência dos preconceitos e a luta contra eles, esforços que devem se refletir na produção coletiva de uma política consistente de inclusão escolar). A divulgação das ações do GEDPPD ocorre através do blog http://gedppd.blogspot.com.br/. Em 2017, o GEDPPD realizou seu "Seminário 10 anos NEES: outros olhares sobre os corpos negados", comemorativo dos dez anos de fundação do NEES, apresentando, além dos trabalhos realizados em disciplinas de graduação, os trabalhos de pós-graduação produzidos pelos membros no período, conforme abaixo:
a) “Alfabetização e letramento de crianças cegas” – (Tese de doutoramento em andamento FAE UFMG) Kátia Regina da Silva.
b) “Projeto ‘Educar na Diversidade’: processos de subjetivação docente” – Ingrid Fernandes Gomes Pereira Brandão (Dissertação de Mestrado concluída);
c) “Percurso formativo de professoras de educação especial: estratégias e táticas” - Ana Léia Bispo de Souza (Texto para qualificação de mestrado);
d) “Políticas Públicas para Educação Especial em Marabá/PA” (Dissertação de mestrado em andamento ICED/UFPA) Mírian Rosa Pereira;
_ O Grupo de Estudos de Pesquisas Mudança Social no Sudeste Paraense (GEPEMSSP), sob a coordenação da Profa. Dra. Célia Regina Congilio, envolve em suas ações professores de Sociologia da rede Pública, predominantemente egressos do curso de Ciências Sociais, assim como alunos do ensino médio a eles vinculados. Uma dessas ações são os Seminários “Amazônia: interações entre o local e o global”, organizados em conjunto com Faculdade de Ciências Sociais do Araguaia-Tocantins (FACSAT/Unifesspa). O V Seminário ocorreu em 2016, com a presença do Prof. Dr. Prof. Lúcio Flávio de Almeida (PUCSP) e Profa. Dra. Nádia Fialho Nascimento (UFPA) e buscou refletir sobre as dinâmicas políticas contemporâneas numa perspectiva crítica; dentro de tal perspectiva, a configuração dos processos capitalistas no sudeste paraense, problema que impõe o debate sobre a natureza do conhecimento que temos e que nos propomos produzir a partir das universidades. Durante os dois dias do Seminário, as mesas, grupos de trabalho, lançamento de livros e inclusive a atividade cultural tiveram o objetivo de articulação desse pensamento crítico global com sua formação na região amazônica e, particularmente, os desafios no contexto da conjuntura política e dinâmicas sociais em curso. No evento, foi lançado o Dossiê “Desenvolvimento capitalista e questões ambientais” da revista Lutas Sociais (NEILS/PUCSP), do qual a profa. Celia Congilio participa com o artigo “Educação como estratégia e controle do capitalismo no sudeste paraense”, em coautoria com o egresso do PDTSA Renato Noronha Martins. O processo permanente de divulgação das ações do GEPEMSSP ocorre através da página http://gepemssp-unifesspa.com.br
_O Grupo de Pesquisas Práticas discursivas: narrativas, saberes e resistência cultural, sob a liderança da Profa. Dra. Nilsa Brito Ribeiro, trabalha com formação de professores da rede pública de Língua Portuguesa e com a formação de educadores do campo, sendo composto por professores universitários dos cursos de Licenciatura em Letras e Licenciatura em Educação do Campo da Unifesspa. O grupo de pesquisa se dedica a estudos de discursos produzidos em esferas institucionais e não institucionais, tomando as narrativas de sujeitos implicados nas diferentes esferas sociais (sobretudo educacionais e políticas), para compreender as contradições próprias das dinâmicas nas quais os sujeitos interagem, as formações ideológicas e os gestos de resistência que emergem no interior das contradições sociais. Em 2016, teve aprovado na Chamada Universal MCTI/CNPq Nº 01/2016 o projeto “A escrita de si e processos de subjetivação: formação de professores na Amazônia Oriental” que tem como objetivo discutir o processo de formação por meio da análise de escritas autobiográficas de professores que, embora já atuem na escola básica há alguns anos, numa região da Amazônia oriental, encontram-se, na universidade, cursando a graduação, justamente porque participam de uma mesma realidade responsável pelo acesso tardio aos processos de escolarização. Em tal projeto, participam docentes de diferentes cursos de licenciatura, de bacharelado, egressos e discentes do Programa. Em 2017, a docente teve aprovado o seu projeto de Bolsa Produtividade intitulado “A relação do sujeito com a escrita em processos de formação docente: heterogeneidade e subjetividades CNPq-Processo nº 408069/2016-3, em que se dedica, também a compreender processo de constituição de subjetividades de professores da escola básica. O projeto agrega discentes de gradiação e professores da escola básica. Decorreram, em 2017, de ações iniciais do projeto, a comunicação “ Discurso e produção de subjetividades: escrita de sujeitos em formação”, no XII Congreso Internacional ALED: discurso, construcción y transformación social
- O Grupo de Pesquisa Dinâmicas Socioculturais e Estudos Visuais (criado em 2010 como Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Criança, Educação, Arte e Ludicidade) é liderado pelo Prof. Dr. Alexandre Silva dos Santos Filho e agrega discentes e docentes do curso de graduação em Artes Visuais e da Licenciatura em Letras, mestrandos do PDTSA, assim como artistas da região sul e sudeste do Pará. Analisa temáticas em torno da produção artística, cultura estética, comunicacional que envolvam estudos sobre arte infantil, dinâmicas culturais na sociedade e experimentos artísticos no âmbito da Pan-Amazônia, ampliando-se para o panorama brasileiro e latino americano. Dessa forma, contribui com a formação de professores para a crescente demanda no campo da arte-educação, sem deixar de articular tal formação com a produção artística regional. Dentro desse espírito, a Palestra” Interdisciplinaridade na construção da pesquisa: arte e ciência”, proferida pelo Prof. Dr. José Afonso Medeiros Sousa (Programa de Pós-graduação em Artes-UFPA), bolsista PNPD-CAPES (2016-2017) no PDTSA, envolveu professores de arte educação da rede pública, graduandos e pós-graduandos do PDTSA e do Instituto de Linguistica, Letras e Artes (ILLA/Unifesspa).Ver ações 2017
_ O Grupo de Estudos Interculturais das Amazônias (GEIA) tem como líder o professor Hiran de Moura Possas e vice-líder o Prof. Dr. Jerônimo Silva e Silva e está voltado para analisar os agenciamentos operados em e entre povos de matrizes culturais africanas e indígenas, deslocamentos migratórios de populações oriundas de outros territórios nacionais, bem como a complexa relação das populações camponesas com as diatribes de uma concepção de "cidade" e "poder público" excludente. Pretende, através de uma concepção interdisciplinar, sob o vértice temático da "Linguagem", "Memória" e "Saberes", além de deslindar compreensões sobre a região, questionar criticamente as cosmologias das ciências presentes na escrita acadêmica, no sentido de ela mesma ser problematizada e enredada pelo intercultural. Dentro dessa perspectiva, o Prof. Jerônimo Silva e Silva coordena o projeto de Pesquisa Cosmologias religiosas entre os Gavião Kyikatêjê: Xamanismo (s) e Cristianismo (s) que compõe um esforço maior no intento de analisar como se deu a influência religiosa do cristianismo e suas variações nesta etnia através das memórias das lideranças e demais indígenas e perceber a intercessão nas concepções de mundo, ritos e cotidiano na aldeia com aspectos das práticas de cura e xamanismo indígena na localidade. Considerando a presença e participação, na Unifesspa, de licenciados indígenas na Faculdade de Educação do Campo (onde atua o coordenador da pesquisa) e demais licenciaturas, as ações do Grupo de Pesquisa não apenas produzem conhecimento relevante para a compreensão as dinâmicas regionais, como articulam saberes das comunidades indígenas, segmento social extremamente relevante para a região. Em 2017, o Prof. Hiran de Moura Possas, líder desse Grupo de Pesquisa, participou também da organização de duas obras científicas financiadas com recursos FECAMPO/PROCAMPO: Caderno SemeArtes: Práticas pedagógicas na Educação do Campo: história e dinâmica social em cordéis. 1. ed. Belém: , 2017. v. 1. 81p; Caderno Pedagógico da Educação do Campo: Experiências do Campo: lutas sociais, práticas educativas e culturais. 1. ed. Belém: GTR, 2017. v. 600. 145p.
b) Relação dos docentes do programa com as licenciaturas e com a educação básica: regional:
_ Destaca-se o pertencimento de sete, entre os treze docentes permanentes, aos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais, História, Educação do Campo, Pedagogia e Letras da Unifesspa, o que em si já configura uma relação direta com a formação de professores para a educação básica, objetivos de tais cursos de licenciatura. As ações de nossos docentes nos Grupos de Pesquisa já mostram o empenho em articular o Mestrado Interdisciplinar com as demandas de formação docente na região.
_ Além disso, todos os docentes da Linha 2 também têm uma história de atuação na educação básica na Amazônia, chegando à Pós-Graduação com um background de engajamento docente e militante nas escolas de ensino fundamental e médio da região.
c) Relação dos discentes do programa com a educação básica:
_ Quatorze egressos do PDTSA atuam como docentes na educação básica e suas ações de ensino e pesquisa passam a ser enriquecidas por suas pesquisas no PDTSA, enriquecendo e inovando, consideravelmente, as suas práticas pedagógicas no ensino básico. Três de nossas dissertações e quatro dos projetos em andamento têm a educação básica como objeto, produzindo conhecimento relevante para a compreensão, sob um viés educacional, das dinâmicas regionais.
_ Dos alunos atuais, dois atuam em escolas indígenas e duas em Escolas do Campo, enquanto um atua na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o que evidencia a presença das principais dinâmicas sócio educacionais, através de seus sujeitos, no interior do programa.
_ Também é relevante a participação de egressos do Programa (particularmente Tiese Teixeira Jr e Nelinho Carvalho de Sousa) na preparação de colegas da educação básica, onde atuam, para concorrer nos editais do Programa, de modo que mais e mais professores têm ingressado nas turmas do mestrado.
Outra ação importante que vem se confirmando no PDTSA para a maior relação do corpo docente com o ensino médio, vem acontecendo desde 2016 através das ações da Propit (Edital Pibic Ensino Médio/CNPq), que tem como objetivos despertar a vocação científica e incentivar talentos potenciais entre estudantes do ensino médio e profissional de escolas públicas”. A professora Andréa Hentz de Mello, orientou em 2016 e 2017 dois bolsistas decorrentes do ensino médio da Escola Anísio Teixeira (JONES ESTEVÃO NOLETO BARBOSA LEITE e MATHEUS SENA NAPOLEÃO), no âmbito do Projeto de Pesquisa “Recuperação de áreas degradadas às margens do Rio Tauarizinho nas adjacências do Campus Universitário da Unifesspa”. Em 2017 durante o III Seminário de Iniciação Científica da Unifesspa, os discentes apresentaram os resultados de pesquisa, no artigo intitulado “Sobrevivência e Desenvolvimento de Espécies Florestais em área de reposição florestal das margens do rio Tauarizinho em Marabá”. Em 2018, por intermédio do EDITAL 12/2018 – PIBIC-EM CNPq a professora Andréa Hentz, no âmbito do projeto de pesquisa: “Estudo do desenvolvimento de espécies florestais nativas inoculadas com fungos micorrízicos em área de recomposição florestal às margens do Rio Tauarizinho no Campus Universitário da Unifesspa, foi contemplada com mais uma bolsa de iniciação científica, para aluno do ensino médio da Escola Anísio Teixeira, desenvolvendo assim, com discente o plano de trabalho “Estudo da qualidade do solo em área de recomposição florestal às margens do Rio Tauarizinho no Campus Universitário da Unifesspa.
Ainda em 2017, como representantes do PDTSA a professora Edma Moreira, o professor Jerônimo da Silva e Silva e a mestranda bolsista OEA/CAPES Jessica Solorzano juntamente com professores e discentes de diferentes cursos de graduação da Unifesspa elaboraram um relatório para o Acampamento Dalcídio Jurandir, criado em 2008, na antiga Fazenda Maria Bonita, às margens da BR 155, a 28 km da cidade de Eldorado dos Carajás, possuindo uma área de 6.652,8 hectares, com Inicialmente a ocupação de 45 famílias O propósito desse relatório foi diagnosticar e analisar a realidade atual sócio produtiva e de infraestrutura do acampamento que foi constituído por trabalhadores que foram deslocados da área Cabanos, do complexo da Fazenda Baguá, hoje, um Projeto de Assentamento. Os dados apresentados e analisados são resultado de um conjunto de ações da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) no acampamento, desde o Projeto de Extensão “Memória Social e Luta pela Terra”, que há dois anos (2016-2017) desenvolve pesquisas de base teórica e metodológica, no campo da Antropologia, à coleta de informações empreendida, entre os dias 28 e 30 de novembro de 2017, por uma equipe interdisciplinar de professores, pesquisadores e discentes da universidade, contando ainda com a colaboração dos professores e de estudantes da Escola Carlito Maia, localizada no acampamento. A coleta dos dados ocorreu através da aplicação de questionários sobre a produção e a comercialização, do preenchimento de formulário socioeconômico das famílias, da delimitação espacial das áreas produtivas, das infraestruturas existentes, com uso de GPS e do registro fotográfico. Outrossim, foram analisados documentos sobre a história do acampamento e aspectos educacionais. O resultado da análise revela que o Acampamento Dalcídio Jurandir não apenas desenvolve atividades produtivas no manejo da terra, contribuindo para as dinâmicas econômicas internas e do entorno do acampamento, como destaca que a relação de pertencimento cultural construída com a terra pelos moradores constitui fator que deverá ser levado em conta no que tange à legitimidade da posse da terra. Sublinha-se, ainda, preocupação premente, tendo como base desocupações anteriores, de que o poder público não seja eficaz na tarefa de proteger os direitos e a vida das famílias, sobretudo de suas crianças, caso se mantenha a decisão da justiça de cumprir liminar de reintegração de posse, já que o destino, o acolhimento e o acesso à moradia, educação e saúde não têm constituído preocupação estatal após a desocupação. As análises apresentadas nesse diagnóstico permitiram uma aproximação à realidade do acampamento Dalcídio Jurandir, mas também uma reflexão sobre as implicações deletérias que poderão emergir no caso de execução de despejo para a reintegração de posse em favor dos fazendeiros. O que está em jogo nesse cenário é a disputa pela terra e a luta por direitos de trabalhadores e trabalhadoras do campo. O relatório foi agregado peça jurídica da área e, após a visita do juiz da vara agrária da cidade de Marabá, constatou-se que, parte do território é área da união e parte seria de supostos grupos econômicos. Também verificou-se que a expressiva produção de leite e de hortaliças constatadas no relatório, são, além de instrumento de sobrevivência dos ocupantes, são fundamentais para o abastecimentos de munícipios próximos. O processo de desocupação, desse modo, encontra-se em revisão, a partir das descrições supracitadas.
Em abril de 2018, com a participação da professora do PDTSA Edma Moreira e a mestranda bolsista CAPES/OEA Jessica Solorzano associadas a professores de cursos de graduação da Unifesspa e representantes de Movimentos Sociais, fora tecido também um relatório para a ocupação da Fazenda Landy e como seriam as condições sociais e produtivas da comunidade rural que ocupava o local. A Fazenda Landy, localizada no município de São João do Araguaia, encontra-se entre as inúmeras áreas para as quais foram expedidas liminares de reintegração de posse no Estado do Pará, em 2017. O nome vem de uma espécie de árvore nativa ocorrente na região. A área possui um histórico de ocupação antigo, com a presença de uma vila às margens do rio Tocantins, cuja existência remonta ao início do século XX, tão antiga quanto a sede do município. Reconhecida pelo poder municipal, a vila conta com pelo menos um aparelho público estatal, a Escola Municipal de Ensino Fundamental João Batista. A população que atualmente reside na área iniciou o processo de ocupação montando acampamento à beira da estrada, em frente à fazenda, no final de 2003. Em junho de 2004, os acampados entraram na fazenda e montaram um acampamento em seu interior, num local conhecido como “Cocal”. No final do mesmo ano, teve início o plantio dos primeiros roçados e desde então os moradores persistem na luta em defesa de um espaço de reprodução de vida. Não obstante a recorrente fragilidade da propriedade jurídica da terra nessas áreas, cabem ainda questionamentos sobre o cumprimento da função social da propriedade em boa parte dos casos e mesmo com relação à idoneidade de alguns dos pretensos proprietários, como no caso de Daniel Dantas, controlador do Grupo Opportunity, principal proprietário da Agropecuária Santa Bárbara Xinguara, empresa requerente em algumas das ações de reintegração. Embora a Fazenda Landy não seja de propriedade da empresa supracitada, mais uma vez, a fragilidade da documentação que comprova a propriedade da terra evidencia-se e traz à tona uma das modalidades de apropriação indevida de áreas públicas na região: a auto conversão de foreiros de castanhais em proprietários de terras sem a devida observância dos trâmites legais. Entretanto, aqui cabe ainda uma observação adicional: Emmi (2002), referência obrigatória para a compreensão da história fundiária da região, menciona a área da referida fazenda como castanhal de servidão pública, no qual os trabalhadores eram cadastrados e matriculados para explorar a castanha sem pagar. Em decorrência, podemos apontar para uma relação histórica de pertencimento dos camponeses ao território circunscrito pelo Polígono dos Castanhais de que trata a referida autora, que decorre do trabalho livre na extração (embora tenha existido também aquele mediado pelo sistema de aviamento). Para além disso, a região experimentou, no bojo das equivocadas políticas fundiárias estatais implementadas sob a égide da ditadura, um processo de territorialização de uma frente camponesa predominantemente migrante. Concomitantemente, inúmeros grupos sociais autóctones jamais abdicaram da permanência em seus territórios. O relatório foi agregado à peça jurídica que apreciava a ocupação, porém em junho de 2018 a área foi desocupada, por força judicial, pela quinta vez pelo Comanda de Missões Especiais da polícia militar do estado do Pará.
Nos dias 29 e 30 de novembro de 2018, no espaço da Faculdade Metropolitana (Cidade de Marabá/PA), foi realizada a VII Conferência do Plano Diretor Participativo de Marabá tendo como tema “A cidade como um bem comum”, com a participação de agentes de órgãos e de instituições públicas, a sociedade civil organizada e acadêmicos de graduação e pós graduação de universidade públicas e privadas, além de representação do PDTSA, através do professor Airton dos Reis Pereira, conferindo a palestra “A formação dos núcleos urbanos de Marabá e a necessidade de urbanização” para ajudar nas discussões do eixo temático “Meio Ambiente e Cidadania – implementação de políticas de arborização no planejamento urbano”, procurando dar relevo ao processo de formação dos núcleos urbanos da cidade de Marabá, bem como apontando elementos sobre as problemáticas em torno da migração, do saneamento básico da cidade, a infraestrutura urbana, o transporte público. Mestrandos do PDTSA também participaram do evento: Erika Viviane Nascimento Araújo e Rozani Uchoa Silva que estão desenvolvendo seus trabalhos de pesquisa na linha 1, Estado, Território e Dinâmicas Socioambientais na Amazônia, investigando a região amazônica nas suas dinâmicas sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais em sua interatividade com os aspectos globais e regionais da expansão do capital, participaram juntamente com o professor Airton das oficinas e debates, a fim de contribuírem com a formulação e implementação das políticas públicas relacionadas ao plano diretor participativo de Marabá, caracterizando assim, em um dos objetivos específicos do PDTSA, que trata da proposição da criação de grupos interdisciplinares de pesquisa, que se dedicam a produção de novos conhecimentos sobre as dinâmicas sociais em suas várias dimensões e à formulação de propostas alternativas que propiciem qualidade de vida e direitos sociais para as populações que vivem na região. Ao final do evento, algumas propostas foram apresentadas para as problemáticas levantadas: 1 – Criar um programa de educação ambiental na cidade de Marabá visando atingir os públicos da escolas, universidades e da cidade de uma forma geral por meio dos meios de comunicação social; 2 – Criar uma Comissão Local de arborização com paridade entre sociedade civil e poder público, tendo como parte dessa comissão uma Equipe Técnica; 3 – Elaborar um Plano de Arborização com cronograma de execução (como lei especifica). 4 - Elaborar um Manual de orientação técnica de plantio e seleção de espécies adequadas para arborização e 5 – Elaborar materiais didáticos como cartilhas, panfletos e materiais de divulgação em mídias sociais sobre técnicas de arborização e produção de mudas de espécies apropriadas ao plantio em áreas urbanas.

 

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