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Seminário Online do PDTSA alcança mais de mil visualizações

  • Publicado: Sexta, 22 de Mai de 2020, 12h10
  • Última atualização em Domingo, 14 de Junho de 2020, 14h09
  • Acessos: 423

Nos dias 19 a 21 de maio, o Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (PDTSA), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), realizou seu primeiro seminário online. O evento intitulado III Seminário de Incorporação da Interdisciplinaridade no Ensino e na Pesquisa aconteceu por meio de lives na página do PDTSA no Facebook e já foi assistido por mais de mil pessoas. A ação inaugura atividades online realizadas pelo PDTSA, em tempos de isolamento social necessários à prevenção e ao combate ao Covid-19 (novo coronavírus).

A programação – aberta ao público em geral e, especialmente, à turma 2020/PDTSA – teve como objetivo, a partir da área de concentração e dos nove anos de atividades do PDTSA, discutir a relevância das pesquisas para a busca da compreensão do contexto do Sul e Sudeste do Pará e, ainda, contribuir para o aprofundamento das discussões sobre a incorporação da interdisciplinaridade no ensino e na pesquisa, no PDTSA.

Para a Coordenação do Programa, os resultados foram positivos quanto a participação dos alunos, egressos e do alcance e inserção social do PDTSA. “Nossa avaliação do seminário é positiva e seu formato online nos permitiu contabilizar em números o alcance social do PDTSA que eu acredito ser a marca da nossa gestão. Chegamos aqui após o trabalho sério de vários coordenadores, iniciando pela professora Célia Congilio, e acreditamos que hoje, sob nossa gestão, estamos alcançando a multiplicação do alcance e inserção social do PDTSA. Soma-se a isso, a forma afetuosa como nossos egressos têm divulgado o programa e, depois desse seminário, acredito que vamos mudar o acompanhamento de egressos para mais parcerias de trabalho e de pesquisa”, disse o professor Hiran Possas. E concluiu: “Um programa de pós-graduação não deve ser um Olimpo, mas um espelho do lugar onde vive, onde as pessoas se identificam com ele e nós percebemos na inserção social do PDTSA que as pessoas se enxergam nele”.

Os participantes podem acessar seus certificados pelo SigEventos da Unifesspa e conferir os vídeos dos três dias de evento na Página do PDTSA no Facebook.

 

 

Dia 01 – Diálogos sobre interdisciplinaridade no PDTSA: desafios e limites de Pesquisas Interdisciplinares

O evento iniciou no dia 19 de maio, às 16h, em uma mesa com a temática “Diálogos sobre interdisciplinaridade no PDTSA: desafios e limites de Pesquisas Interdisciplinares”, com a presença dos professores Hiran de Moura Possas e Célia Regina Congilio e o egresso do PDTSA professor Tiese Rodrigues. (link para o vídeo)

O professor Hiran Possas abriu a discussão trazendo o contexto de atuação do PDTSA e a incorporação da interdisciplinaridade. “Nós passamos por um processo de formação especializado, por uma grade curricular rígida, e é claro que quando chegamos num programa de pós-graduação interdisciplinar, existem as dificuldades. Principalmente pelo fato de sermos uma universidade numa região de fronteira. É preciso que se pense que a região de fronteira não é só uma região de imposições políticas violentas, mas também é resistência, dos povos que aqui estavam e que aqui chegaram com as grandes migrações. Esse contexto evoca uma atitude transversal”, disse ele que tem formação em Letras e dialoga com a Antropologia para dialogar, por exemplo, com os povos indígenas.

Primeira coordenadora do PDTSA, a professora Célia Congilio destacou a interdisciplinaridade como uma prática metodológica, reunindo os diversos conhecimentos para compreender a região que ela mesma acabara de conhecer, quando assumiu o programa em 2012. “Os programas de área interdisciplinar surgem com a expansão do ensino superior. Aqui, no campus de Marabá da UFPA, frente ao insuficiente número de professores para formação de um programa de área específica, a saída foi a união entre os cursos de história, educação, ciências sociais e agronomia – um diálogo com as diferentes ciências”, falou a professora.

Egresso da primeira turma, Tiese Rodrigues também foi ao ponto do desafio levantado pelos professores: desconstrução. “O PDTSA é um espaço de descobertas, de diálogo com outros saberes e de construção de resistência com a região em que representa”, falou ele que é doutor em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará, professor da rede de educação básica e ativista em ações de incentivo à leitura.

Nos comentários da live, Tiese provocou nostalgia ao lembrar da turma, da sala, da interação entre seus colegas e egressos de outros anos. “Orgulho sempre de ser PDTSA. O maior desafio do Programa e de todos os que fazem parte dele é exatamente a Interdisciplinaridade. Esse sair da zona de conforto, a desconstrução e reconstrução trazem desafios libertadores e surpreendentes”, escreveu Érika Joselma.

Assista:

 

 

 

Dia 02 – Constituição e consolidação do PDTSA: linhas de pesquisa, visibilidade e inserção social

Para o segundo dia de debates, a mesa composta pelas professoras Andrea Hentz e Nilsa Ribeiro e os egressos Marcus Felipe Gama e Cristiano Bento discutiu a “Constituição e consolidação do PDTSA: linhas de pesquisa, visibilidade e inserção social”. (link para o vídeo)

A professora Andréa Hentz, atual vice-coordenadora do programa, trouxe à discussão a constituição e consolidação do PDTSA em sua história e a discussão nas duas linhas de pesquisa, que são “Estado, Território e Dinâmicas Socioambientais na Amazônia” e “Produção Discursiva e Dinâmicas Sócio-territoriais na Amazônia”.

“O PDTSA tem esse desafio de cumprir o papel de produzir conhecimento sobre a realidade regional, formar nossos profissionais e, na transição da Universidade Federal do Pará, quando foi criado, à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, continuar com a consolidação na formação da pós-graduação, agora, alcançando além de Marabá, os demais municípios de sua estrutura”, contou a professora aos presentes no seminário online e lembrou: “A necessidade da pós-graduação com cursos de mestrado teve o reflexo em nossa primeira seleção: eram 13 vagas para mais de 200 inscritos”.

“Agrária com linguística?”, questionou a professora Nilsa Ribeiro. “Esse exercício foi possível pela costura das linhas de pesquisa que demonstram as dinâmicas da perspectiva social, ambiental, agronômica, e da discursividade destas”, disse a professora que encaminhou sua fala para tratar da visibilidade e inserção social. Sobre essas questões, a professora também falou que não bastam aulas, produção de pesquisa e escrita da dissertação; é preciso a solidariedade entre docentes e docentes e entre docentes e discentes em grupos que, de forma interdisciplinar, pensam e estudam um mesmo objeto.

Ainda, para consolidação do programa, a professora Nilsa Ribeiro ressaltou as diversas ações do PDTSA, como articulação com programas de pós-graduação da Unifesspa e outras instituições, realização e participação em eventos, atividades de extensão e, ainda, a continuidade dos egressos na caminhada acadêmica e sua inserção ou retorno na rede de educação básica ou em instituições de ensino superior.

Este é o caso dos dois egressos, agora professores na Unifesspa, que também participaram da mesa: Cristiano Bento, doutor em Antropologia e professor no curso de Engenharia Florestal, no Instituto de Estudos do Xingu (IEX); e Marcus Gama, mestre pelo PDTSA e professor no curso de Administração, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA).

Marcus Felipe da Gama era professor em instituição superior privada quando ingressou no PDTSA. Hoje, na cadeira de Marketing do curso de Administração do ICSA, em Rondon do Pará, relembra sua trajetória e explica por que escolheu ficar na região. “Foi um divisor de águas. Em dez anos de experiência profissional na docência em instituição privada, eu estava “vazio”. E me enchi com as discussões e estudos que eram trabalhadas no curso. O PDTSA trabalha com a realidade da nossa região. Não é alguém de um outro lugar, de outro país, você tem as professoras Nilsa, Andrea, Rosana; pessoas que vivenciam o que está sendo tratado aqui. E quando o Prof. Maurílio entrou na sala e disse das vagas que iriam abrir para a Unifesspa e eu já vislumbrava a minha entrada na universidade pública. Fui aprovado na Unifesspa e em dois concursos na Ufra, mas escolhi trabalhar nessa região como meu dever, para trabalhar na construção e consolidação dessa universidade”, contou o professor.

Cristiano Bento, que atua no IEX em São Félix do Xingu, refletiu em sua fala sobre a importância da interdisciplinaridade em sua formação e leitura das dinâmicas territoriais em sua localidade atual. “Trabalhar em São Félix do Xingu é importante porque é lá que consigo perceber com mais evidência a fronteira que discutimos no curso e sua centralidade na interpretação das dinâmicas territoriais nesse espaço. Lá, tem uma dinâmica forte da pecuária, dos povos indígenas, tem os camponeses que pretendem uma produção sustentável de cacau e tem as unidades de conservação. É um cenário muto dinâmico e com muitas possibilidades de leitura. Esse esforço teórico-metodológico da interdisciplinaridade ajuda na compreensão dos processos, mas não de forma híbrida, mas na possibilidade de instrumentalização do que os diversos saberes podem oferecer”, falou ele.

Espectador do seminário pelo Facebook, Sílvio Rodrigues que defendeu sua dissertação esse semestre, relata: “O PDTSA foi um momento de superação pela complexidade do interdisciplinar. Estou saindo agora do programa e sei que tudo que tive a oportunidade de discutir vai me proporcionar muitas possibilidades. Assim como os egressos, tenho objetivos traçados para me tornar professor universitário”.

Assista:

 

 

 

Dia 03 – A interdisciplinaridade em movimento: mapeamento das pesquisas sobre dinâmicas territoriais na Amazônia

No último dia de debate, a temática “A interdisciplinaridade em movimento: mapeamento das pesquisas sobre dinâmicas territoriais na Amazônia” foi apresentada pelos professores Edma Moreira e Jerônimo Silva e o egresso Luis Calcina. (link para o vídeo)

Professor do PDTSA desde 2016, Jerônimo Silva voltou à discussão da interdisciplinaridade, agora refletida na pesquisa e produções do PDTSA. “A prática interdisciplinar é um exercício, não uma apropriação. Um exercício para compreender outras áreas de conhecimento a partir de seus pressupostos e, a partir disso, aproximar criticamente de nossas perspectivas, com o objetivo de questionar a região, de problematizar a realidade amazônica”, disse.

Luis Calcina, egresso do PDTSA pelo Programa OEA/CAPES, é subgerente de Desarrollo Intercultural na Municipalidade Providencial de Puerto Inca (na Amazonia Central do Peru) e professor na Escuela de Ciencia Política, na Universidade Nacional Federico Villareal. Em seu trabalho de dissertação, trabalha a perspectiva de cidadania imaginada a partir do orçamento participativo a povos indígenas da Selva Central do Peru. Para ele, a interdisciplinaridade foi importante para compreensão desse movimento de indígenas sujeitos de direitos e protagonistas dessas ações. “A interdisciplinaridade não tem fim. Será sempre necessária à incorporação de novos conhecimentos ou conhecimento indígena, por exemplo. Acho que o PDTSA está nesse caminho, mostrando a importância dos diversos saberes numa pandemia como a que vivemos, por exemplo. Todos vamos sair ganhadores dessa experiência”, relatou.

Para pensar o local e global, a professora Edma Moreira apresentou um mapeamento das pesquisas realizadas no PDTSA até 2017, a partir das palavras-chaves dos trabalhos. “O PDTSA tem uma marca em seus trabalhos: uma ciência militante. A proposição de alternativas para uma sociedade melhor por meio de um movimento de contra-hegemonia, possível pela interdisciplinaridade, pensando nas dinâmicas territoriais, nas rupturas e permanências em um movimento de conflito e de resistências”, contou a professora, apresentando seu mapeamento.

Ginno Pérez, egresso do PDTSA, participou como espectador da live e comentou: “O programa permite essa reflexão "abigarrada" da conformação de várias sociedades num mesmo espaço/tempo e como essa diversidade gera o conflito, a luta hegemônica e contra-hegemônica”. É dele algumas imagens usadas no vídeo-chamada do seminário, retratos feitos durante o despejo do Acampamento Helenira Rezende, em 2017.

Assista:

 

 

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